Precisamos falar mais sobre sífilis, sem preconceitos



Exposição

A exposição denominada Precisamos falar mais sobre sífilis, sem preconceitos, sediada na Sala Dr. Waldenir Bragança, é uma abordagem sobre a sífilis através da ótica da arte, mas com o propósito de mostrar a urgência de falar sobre esse tema. A curadoria principal está a cargo do Dr. Mauro Romero Leal Passos. A exposição esta aberta de terça-feira a domingo, de 10 às 20h.


Artigos

SÍFILIS :EXPOSIÇÃO COM HISTÓRIA, CIÊNCIA E ARTE
NA ASSOCIAÇÃO MÉDICA FLUMINENSE
Inauguração no Dia Nacional de Combate à Sífilis, 15 de outubro

 

A Sociedade Brasileira de DST, a Associação Médica Fluminense, e o Setor de DST da Universidade Federal Fluminense inauguram dia 15 de outubro, uma exposição com história, ciência e arte sobre sífilis. A curadoria é do médico e professor da Universidade Federal Fluminense, Mauro Romero Leal Passos, organizador de um grupo multiprofissional que propôs, articulou, pesquisou, debateu e executou essa atividade inédita.

A exposição pretende, segundo os organizadores, lançar um desafio para toda a sociedade brasileira: reconhecer, trabalhar e reverter, os absurdos números de casos de sífilis congênita (SC), de óbitos fetais e não fetais, no Brasil, “pois estes representam um atestado de má qualidade de pré-natal. Uma negligência que não cansa de nos envergonhar. Ao mesmo tempo que é uma vergonha que não cansamos de negligenciar”.

O curador avisa: “Prepare-se. Vá com a mente aberta para conversar sobre qualquer preconceito que possa existir. Pois você vai se surpreender, como nós fomos, com os mais diversos elementos que apresentaremos”.

Esta nova versão da exposição,que já esteve no Paço Imperial, terá obras inéditas, provocantes e a possibilidade de conversas presenciais com monitores acadêmicos de medicina da Universidade Federal Fluminense (alunos da disciplina optativa de DST, alunos de iniciação científica e sobretudo, alunos da Liga Acadêmica de Infecções Sexualmente Transmissíveis da UFF) e com membros da curadoria, com a finalidade de dirimir dúvidas e externar inquietudes.

SERVIÇO:
Inauguração: 15 de outubro de 2022. (Dia Nacional de Combate à Sífilis e a Sífilis Congênita (Lei 13.430)

Sala Waldenir de Bragança, Associação Médica Fluminense. Avenida Roberto Silveira, 123, Icaraí, Niterói, RJ. Brasil. De 3ª a domingo, das 10h00 às 20h00.

Entrada Franca.Sugere-se agendamento para grupos escolares pelo telefone/WhatsApp: 21 98860-1549

Equipe da Curadoria: Tiago Petra, Zelina Caldeira, Jussara Alves.Curador: Mauro Romero Leal Passos (UFF, SBDST).Direção Artística: Eduardo Tenorio. Produção: Tenorio Produções. Realização: Associação Médica Fluminense, Sociedade Brasileira de DST-RJ, Setor de DST da Universidade Federal Fluminense.

Apoio: Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ); Complexo Hospitalar de Niterói (CHN); Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde de Niterói e São Gonçalo (SINDHLESTE).

Agradecimento: Departamento de Doenças de Condições Crônicas e IST e do Centro Cultural do Ministério da Saúde.

PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS DE OUTUBRO DE 2022

15.10.2022, sábado, 18h40, interpretação da canção Dia da criação de Vinícius de Moraes, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, da disciplina optativa de DST da UFF e de alunos de medicina da Universidade de Vassouras.

16.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Miss Every’s Boys (Cobaias), mediadores alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da disciplina optativa de DST da UFF, alunos de medicina da Universidade de Vassouras e Mauro Romero Leal Passos.

22.10.2022, sábado, 17h00, interpretação do Fado Sangue Lusitano de Chico Buarque de Holanda, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF e alunos da optativa de DST da UFF.

23.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Heleno, com Rodrigo Santoro observando a abordagem que, diagnosticando e não procedendo o devido tratamento a evolução da sífilis levar a tragédia.

29.10.2022, sábado, 17h00, leitura de texto do livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre sobre a sifilização do Brasil, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da optativa de DST da UFF e Thiago Petra.

 

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HISTÓRIA DA SÍFILIS: OS DEUSES E A CURA PELA PENICILINA

Em agosto de 1530, o médico, escritor, humanista e astrólogo Girolamo Fracastoro (HieronymusFracastorius) publicou, em Verona, Itália, o poema latino SyphilisSiveMorbusGallicus (Sífilis Ou Mal Francês), no qual descreve a doença que o deus grego Apolo impôs a Syphilus, um pastor de ovelhas que amava mais o rei Alcithous, de sua região, do que os deuses.

Como um grande mal da época, cada região colocava o problema em outra região: mal espanhol, mal napolitano, mal francês, entre outros. Entretanto, hoje, por análises de biologia molecular, sabe-se que a sífilis existiu em outras partes do mundo antes da época de Fracastoro. Muitos preconceitos contra as pessoas que tinham a doença marcaram gerações. Inclusive, a doença recebeu, em séculos passados, o nome de lues, que significa peste ou flagelo, para que se evitasse falar o seu nome, sífilis.

De Girolamo para cá, inúmeras obras de arte usando a sífilis como pano de fundo foram realizadas por diversos autores de diferentes áreas – desde pinturas, como as de Rembrandt (retratando a lesão tardia de nariz em sela) e Edvard Munch (mostrando a herança da sífilis congênita), até filmes de longa metragem, como Dr. Ehrlich’sBullet Magic (sobre os primeiros medicamentos desenvolvidos especificamente para tratar a sífilis: salvarsan-606 e neo-salvarsan-914), Miss Erver’s Boys (sobre o estudo antiético da sífilis não tratada em homens negros de Tuskegee, Alabama, Estados Unidos) e Heleno (sobre a vida do jogador de futebol ídolo do clube Botafogo, Rio de Janeiro, que se negou a tratar a sífilis e morreu com sequelas tardias em um sanatório mineiro).

Como curador emérito da exposição e como profissional que pesquisa, escreve e atende pessoas com sífilis, Dr. Mauro Romero conta que Fracastoro, criador da palavra sífilis, em 1546, escreveu e publicou importante obra, mas que pouquíssimos conhecem – De contagione et contagiosismorbis et curatione –, sobre o contágio e os males contagiosos e sua cura e que são transmitidos por partículas de pessoa para pessoa, seres vivos que se reproduzem, ou sementes de contágio. Apresentava ali, Fracastoro, séculos antes das descobertas microscópicas dos microrganismos, a teoria de que doenças infectocontagiosas eram causadas por seres vivos e não por castigos de deuses.

A PENICILINA, MEDICAMENTO BARATO, CURA A SÍFILIS

No início de 1905, a bactéria Treponema pallidum foi identificada como o agente etiológico da sífilis e, em seguida, o primeiro exame sorológico para o seu diagnóstico foi apresentado aos médicos europeus. Embora tenha sido descoberta em 1928, foi no início da década de 1940 que a penicilina se tornou o principal antibiótico para tratar de forma efetiva e sem resistência bacteriana, até os dias de hoje, todas as formas de sífilis em adultos, crianças e neonatos.

A EXPOSIÇÃO

O curador avisa: “Prepare-se. Vá com a mente aberta para conversar sobre qualquer preconceito que possa existir. Pois você vai se surpreender, como nós fomos, com os mais diversos elementos que apresentaremos”.

Esta nova versão da exposição,que já esteve no Paço Imperial, terá obras inéditas, provocantes e a possibilidade de conversas presenciais com monitores acadêmicos de medicina da Universidade Federal Fluminense (alunos da disciplina optativa de DST, alunos de iniciação científica e sobretudo, alunos da Liga Acadêmica de Infecções Sexualmente Transmissíveis da UFF) e com membros da curadoria, com a finalidade de dirimir dúvidas e externar inquietudes.

SERVIÇO:
Inauguração: 15 de outubro de 2022. (Dia Nacional de Combate à Sífilis e a Sífilis Congênita (Lei 13.430)

Sala Waldenir de Bragança, Associação Médica Fluminense. Avenida Roberto Silveira, 123, Icaraí, Niterói, RJ. Brasil. De 3ª a domingo, das 10h00 às 20h00.

Entrada Franca.Sugere-se agendamento para grupos escolares pelo telefone/WhatsApp: 21 98860-1549

Equipe da Curadoria: Tiago Petra, Zelina Caldeira, Jussara Alves.Curador: Mauro Romero Leal Passos (UFF, SBDST).Direção Artística: Eduardo Tenorio. Produção: Tenorio Produções. Realização: Associação Médica Fluminense, Sociedade Brasileira de DST-RJ, Setor de DST da Universidade Federal Fluminense.

Apoio: Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ); Complexo Hospitalar de Niterói (CHN); Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde de Niterói e São Gonçalo (SINDHLESTE).

Agradecimento: Departamento de Doenças de Condições Crônicas e IST e do Centro Cultural do Ministério da Saúde.

PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS DE OUTUBRO DE 2022

15.10.2022, sábado, 18h40, interpretação da canção Dia da criação de Vinícius de Moraes, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, da disciplina optativa de DST da UFF e de alunos de medicina da Universidade de Vassouras.

16.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Miss Every’s Boys (Cobaias), mediadores alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da disciplina optativa de DST da UFF, alunos de medicina da Universidade de Vassouras e Mauro Romero Leal Passos.

22.10.2022, sábado, 17h00, interpretação do Fado Sangue Lusitano de Chico Buarque de Holanda, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF e alunos da optativa de DST da UFF.

23.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Heleno, com Rodrigo Santoro observando a abordagem que, diagnosticando e não procedendo o devido tratamento a evolução da sífilis levar a tragédia.

29.10.2022, sábado, 17h00, leitura de texto do livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre sobre a sifilização do Brasil, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da optativa de DST da UFF e Thiago Petra.

 

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INDICADORES DA SIFILIS NO BRASIL
No Dia Nacional de Combate à Sífilis, 15 de outubro,
precisamos conversar sem preconceitos

Poucas doenças têm os dados históricos, os acontecimentos científicos e os elementos artísticos que a sífilis apresenta. E, apesar de todo o conhecimento e da disponibilização de diagnósticos, tratamentos, acompanhamento, rastreio, prevenção, materiais de comunicação e mídia junto à população, além das possibilidades de análises estatísticas e de vigilância em saúde pública, a sífilis continua acometendo de forma crescente pessoas em quase todo o mundo, seja em países de baixo, médio ou alto desenvolvimento econômico e sociocultural. Entretanto, o número de casos de sífilis, no Brasil, está há décadas acometendo cada vez mais nossa população. Seja adultos, gestantes ou crianças.

Os dados da doença no país não são precisos: a página de internet indicadoressifilis.aids.gov.br, mostra que em 2019,houve 155.975 casos de sífilis adquirida, 62.086 casos de sífilis em gestantes e 24.236 casos de sífilis congênita. Todavia, dados da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro revelam que, em 2019, só no estado, do total de 6.233 notificações de sífilis congênita 282 conceptos tiveram como evolução, o óbito por sífilis congênita, aborto ou natimorto.

“Quantas campanhas e reportagens existiram sobre sífilis nos últimos anos? E em muitas maternidades públicas das grandes cidades não há um dia sem ter um recém-nascido com sífilis congênita. Há maternidades privadas no Brasil que atendem, mas não notificam os seus pacientes com sífilis congênita. Enfrentamos então, os problemas de notificação e investigação adequada de cada caso”. O alerta é do médico, professor e responsável pelo Setor de DST da Universidade Federal Fluminense, Mauro Romero Leal Passos, curador da exposição sobre história, ciência e arte na esfera do tema sífilis.